35- Seu corpo


Você anda a minha frente. Sua mão macia presa a minha. Suas costas nuas correndo pelo sereno escuro. 

Meus olhos não conseguem desgrudar de você, mesmo eu me censurando a todos os segundos. Mas você sempre me ganhava. Na verdade, você nunca jogou justo. Em nenhum momento. Nunca me deu a chance de escapar. Sempre foi intensa e fatal.

Seus olhos me miravam às vezes. A delicadeza de sempre. Olhos inocentes. Que de inocentes não tinham nada.

Eu sentia meu corpo queimar. Não era para sentir aquilo, mas nós dois sabíamos que era inevitável. Quando dava por mim já estava com as mãos em seu corpo. E aí não era mais eu. Não era mais você. Era nós.

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