22- Outono



A solitária árvore no quintal brilhava sob os primeiros raios da manhã. O ar dourado era abalado pela brisa inibida da aurora. As cores estavam diferente. Um frio delicado tomava cada canto.

Em cima da árvore, uma folhinha pálida se erguia, remexia-se no ar e voltava a se abaixar. Repetia aquele movimento toda vez que a brisa a beijava. Se entregava ao toque suave. Sentia-se nas mãos do sopro e se deliciava por estar ali. 

"Dance comigo" a brisa parecia sussurrar. 

E a folha continuava naquela dança fascinante. Entregando-se inteiramente. Sendo toda da brisa. 

Mas a brisa se afastava e a deixava por segundos. Segundos que pareciam eternos. Segundos que pareciam que não voltariam. A folha queria segui-la, dançar junto pelo caminho inteiro. Mas estava presa, não conseguia sair dali. 

Em um sopro mais forte, querendo resolver o problema, a brisa se tornou vento. E o vento arrancou a folhinha do galho que, desde sempre, havia sido o único universo para ela até ali.

Por mais que fosse apavorante, a liberdade era restauradora. A folha foi tomada pelos dedos do vento e dançou com ele pelos ares, movendo-se sem se preocupar e sendo levada por aquela sensação. 

E naquela singela dança ia embora a folhinha. A primeira a cair. A primeira a marcar o início do outono.

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