Writing prompt - Imagine um novo final... (Livro escolhido: Dom Casmurro)


Dom Casmurro é um dos grandes clássicos nacionais (um título bem merecido), escrito por Machado de Assis. Acho que bem poucos não conhecem essa história, nunca ouviram falar ou não conhecem os personagens. Mas devo avisar, se você ainda não leu ou não sabe de nada, não continue lendo porque pode conter spoilers.

Eu sei que o final que eu criei fugiria completamente do estilo machadiano, mas eu gostei muito de imaginar isso. Dom Casmurro é uma das minhas obras preferidas, mas eu detesto o Bentinho, então pensei em um final mais triste para ele (muahahaha). - Lembrem-se que esse final foi criado por mim e eu mudei algumas coisas no rumo da história.
O meu estilo é bem um pouco diferente do de Machado, mas espero conseguir aproximar pelo menos um tantinho.

Eu descansava em minha alcova. Estava sozinho em casa com uma enfermeira, ninguém havia sobrado para se importar com minha pessoa. Enquanto minha doença ia me consumindo aos poucos, eu ficava observando a velha alcova e pensando a falta que o velho Bentinho me fazia. 
Súbito a enfermeira entrou no quarto, não estava sozinha. Uma senhora e um jovem a acompanhava. A face de meu falecido amigo e aqueles olhos de cigana dissimulados, ambos a minha frente, encarando-me com um esgar de chacota. Zombavam de mim em meu próprio leito de morte?
- Bento... - A voz de Capitolina soava tão viva como antes. Sempre doce, escondendo tudo o que me fez passar. 
- O que fazem aqui? Era para estarem do outro lado do oceano.
- Como eu poderia lhe deixar morrer sozinho? - A voz dela me trazia todas aquelas lembranças do passado que eu queria tanto esquecer, mas, ao mesmo tempo, reviver.
Não respondi, não queria gastar minhas forças com aquilo. Ezequiel fez menção de se aproximar, mas eu o afastei com um gesto. Capitu pediu ao filho que esperasse do lado de fora e, depois que ele se foi, ajoelhou-se ao meu lado. 
- O quê? Até nesse estado seu comportamento continua...
- Diga-me.
- O que quer que eu diga?
- Diga-me o que era para Escobar?
- Escobar? Era um bom amigo.
- Apenas?
- Ele era seu amigo, Bentinho. O que esperava que eu respondesse? 
- Diga-me que você nunca...
Capitu finalmente entendeu as minhas intenções. Sua expressão foi de total perplexidade, continuava a dissimulada que José Dias me alertara. Ela não respondeu, apenas ergueu-se e caminho até a porta. 
- Continua o velho Bentinho. Pena que tenha envelhecido. Comentou antes de sair.
Foram as últimas palavras que ouvi dela. Voltei a observar a alcova.

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