Você acha que estou louco, mas agora tanto faz. Meus pés se equilibram na corda bamba. Um profundo abismo se estende sob mim. Embaixo não existe nada que apare minha queda. O buraco é fundo e eu só vejo sua escuridão infinita.
Você acha que estou louco, mas minha imagem sempre aparece lá embaixo, como se eu me visse cair da borda do abismo. Como se fosse outra pessoa pendurada à centímetros do fim. Porém, a sensação de queda é verdadeira, mesmos meus pés estando fincados na terra infértil.
Você acha que sou louco, quando meus pesadelos se tornam realidade e a realidade não passa de pesadelos. Minha cama sempre suada parece envolta por inúmeros braços, puxando-me para cada vez mais dentro do colchão de desamparo.
Você acha que sou louco, mesmo quando a escuridão se torna luz e coisas indesejadas pulam a minha frente, como coloridos bobos da corte, e me fazem gargalhar de minha própria dor.
Talvez esteja com a razão. Talvez eu esteja louco. Mas não sei mais. Apenas ando de mãos dadas. Meus dois melhores amigos. O juízo. A insânia.
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