"O futuro está parado
Esperando-nos a nossa frente
Nos encarando sério
Nos chamando para segui-lo.
O futuro está bem ali
Só mais um passo
E o presente vira passado
Só mais um passo
E todos os sonhos podem
Finalmente se realizar
Só mais um passo."
Hansy
bateu a porta com demasiada força, provocando um baque perturbador
pelos corredores do castelo. Eu não iria me virar se era aquilo que
tanto queria. Não iria me virar para não ter que ver seus olhos
transbordados de ódio. Empertiguei-me sobre a cadeira e encarei mais
fixamente a janela.
–
Está com medo de mim, irmãzinha? – Ele gargalhou alto. – Olhe
para mim, Gwendully.
– Não
sou obrigada a fazer o que você quer. – Falei firme.
– Eu
sou o seu rei. Você tem que me obedecer.
–
Obedecer a você? Você não manda em mim e nunca irá mandar.
–
Acha que eu herdaria o reino se não fosse para ser obedecido?
–
Não, você herdou o reino por ser o mais velho e porque Zack não
está mais aqui. Pode até ser que papai pensasse que você seria um
bom rei, o que não está sendo, mas você nunca vai honrar papai. –
Bati com força no tampo da mesa.
–
Honra? Depois de tudo que ele me fez passar ainda acha que quero
honrá-lo? Você é muito ingênua mesmo, Gwendully. Por isso ninguém
sabe de sua existência. – Ele parecia achar engraçada minha
raiva. Seu tom de voz refletia o que eu sentia, mas escondido sobre
palavras de zombaria.
–
Cale-se! – Virei-me de uma vez. Seus olhos negros me estudavam,
eram um misto de zombaria, ódio e raiva.
– Que
ideia foi aquela? – Hansy trancou a porta. Com certeza não era
seguro ficar trancada no quarto com meu irmão sanguinário. – Que
ideia foi aquela de cancelar a missão?
– A
missão não era importante. Se ela prosseguisse todos os soldados
morreriam…
– Por
que acha que os convoquei? Você é só uma garotinha inútil. Não
sabe nada de política. –Hansy se aproximou. Seus passos macios me
faziam tremer.
–
Tirar a vida de um pai de família é política? A expedição para
as terras do norte seria tempo perdido e um perigo desnecessário,
você sabe muito bem que tudo poderia ser arranjado com um simples
acordo, não uma guerra! Acho que é você que não sabe nada de
política. Ainda fico pensando como foi você que recebeu o trono e
não eu. O inútil daqui é você, Hans.
Ele me
olhou sério, depois esbofeteou minha face. Eu não esperava menos do
que isso. Hansy nunca havia sido um bom irmão, nem um bom filho, e
não seria naquela noite que mudaria. Ainda me lembro do dia que
papai morreu. Enquanto minhas lágrimas desciam em cachoeiras, o
rosto de meu irmão permanecia inabalado.
– Vou
lhe deixar alguns dias trancada em seu quarto, até você perceber
quem manda aqui.
–
Você que não é!
Ele me
bateu de novo. Desta vez recuei, o tapa havia sido com tanta força
que minha bochecha queimava. Hansy destrancou a porta. Ficou
encarando a chave por alguns minutos, olhou de esguelha para mim e
saiu. O barulho da chave rodando na fechadura tomou o quarto. Alguns
dias trancada não era tão ruim. Melhor do que passar o dia ao lado
de meu querido irmão.
Virei-me
novamente para a janela. A brisa fria da noite encontrou minha face e
minhas bochechas arderam. A noite estava linda, mas as próximas
talvez não fossem.
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