Não tinha ninguém na sala.
Acho que nunca teve alguém.
Era sempre o mesmo vazio.
E o que aquele vazio significava para mim àquela manhã,
Nem minha mente poderia descrever.
Poderia estar feliz por finalmente ter dado fim
A toda confusão que um dia chamei de vida.
Mas não estava.
Não pense que eu esteja morta,
Acho que nunca vivi,
De modo que não podia aceitar a morte
Como qualquer outra pessoa.
E por mais que tudo tivesse acabado há algumas horas
E a velha sala permanecesse velha e vazia
Eu não estava feliz por também me sentir velha e vazia.
Não tinha ninguém para agarrar minhas mãos.
Para aliviar a solidão.
E sempre fora assim, só que eu nunca quis ver.
Nunca teve ninguém na velha sala.
Nunca teve alguém segurando minhas velhas mãos.
E mesmo quando tudo acabou, lá estava eu,
Sozinha.
Eu já deveria ter me acostumado àquilo.
Ter me acostumado que era só eu.
Que ninguém se importaria.
Que nunca teve alguém.