Seja santinha, seja vadia


Ele já te falou inúmeras vezes com quantas garotas transou. Já te descreveu todos os fetiches e sonhos. E você lá calada, a boca na xícara de chá. Ele te romanceava, pensava que era mais uma "garotinha". Mais uma "santinha" para sua lista. E você lá. Quieta. 

"E você? Com quantos homens já transou?" Perguntou finalmente, com um ar sarcástico, já prevendo a resposta. Mas a resposta não era a esperada e você não se calou só por isso. "Com quase toda a cidade. E gostei muito."

Tudo mudou a partir dali. Você deixou de ser a "garotinha" para ser a "vadizinha", a que "não se dá ao respeito". 

Porque todo mundo sabe, mulher boa é a mulher que fica na cozinha, cuidando do almoço e dos cinco filhos; esperando o maridão chegar, sentar-se na poltrona e jogar os sapatos para cima, para lhe entregar uma garrafa gelada de cerveja. Mesmo sonhando sair dali, não podendo, porque é para isso que as mulheres nasceram. 

Ele se enraivece por ser só mais um em sua lista, enquanto você era só mais uma na lista dele. Ele espalha para a cidade e sua fama chega longe. E você? Sempre que te perguntavam, a resposta era a mesma: Com quase toda a cidade. E gostei muito. 

Porque mulher tem que se dar ao respeito /o respeito que ela quiser/. Seja "Santinha". Seja "Vadia".


[Cada uma tem o direito de escolher o melhor para a sua vida. Seja "Santinha". Seja "Vadia". Ou seja as duas. Ou seja nenhuma. Ou cuide de seus filhos em casa. Ou passe o dia fora trabalhando. Dando. Recebendo. Comendo. Lendo. No shopping. Na praia. Na biblioteca. No bar... Seja feliz, sem se importar com o que os outros querem que você faça ou o que irão pensar.]
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92- Cidade


Em meio aos urros da cidade
A confusão da multidão
O crepitar das bocas descontroladas...
Em meio a tantos barulhos,
Só sua voz escuto
"Se você for, nunca vou lhe perdoar"

E em meio aos urros da cidade
A confusão da multidão
O crepitar das bocas descontroladas,
O coração pulsando alto
E o som dos meus passos
Me levando para longe de você.

"Será que um dia
Eu que iria
Conseguir
me perdoar?"
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91- Pássaro livre


Uma vez eu lhe disse: nenhuma corrente consegue me prender. Nunca fui de ficar quieta em um canto, de concordar calada. Nunca fui igual aos padrões que todos queriam me colocar. E todos comentavam da minha alma selvagem, de minhas amarras arrebentadas, de meu coração sonhador. Eu era o que eles não queriam que eu fosse. Nada daquelas princesinhas de contos de fadas, esperando o príncipe em seu cavalo branco, com a trança intacta e o vestido bem engomado, sentadinha na torre. Nada disso. Da torre eu fugi. O príncipe derrubei do cavalo.  Minha trança desfiz e do vestido arranquei a saia. 

E todos continuam falando. Meu cabelo. Meu corpo. Minha vida. E nada disso me prende. Porque sou pássaro livre, para me preocupar com galinhas em gaiolas. 
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90- Ama-me


Entre as curvas da estrada. As manhãs nubladas. O frio da calçada. As noites de outono. Tardes de domingo. Entre sorrisos e lágrimas. Abraços e amassos. Conversa sem sentido. Risadas  Ama-me?
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89- Você


Ei, você!
Está ai sorrindo?
Está ai confortável?
Está ai se divertindo?
Ei, você!?
Seu dia foi ensolarado?
A sorte esteve ao seu lado?
As pessoas lhe fizeram feliz?
Ei, você?
Lhe falaram o quanto é especial hoje?
Lhe abraçaram apertado?
Lhe seguraram a mão?
Ei, você!

[Obrigada por iluminar meu dia e fazer cada instante mais especial]
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88- Silêncio


A pessoa entrou na casa, despiu o casaco e se envolveu no silêncio. No escuro, nem notou a alma caída ali, encarando o papel de parede manchado. Apenas chutou umas garrafas vazias e rumou para o quarto. Silêncio.
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87- Chuva


Uma a uma
As gotas caíam
E lavavam minha alma

[Mas mais parecia que carregavam quem eu era para dentro do bueiro] 

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